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Neste artigo eu pretendo demonstrar o que é o bipartidarismo perfeito, o momento em que existiu a ruptura do bipartidarismo, quais os benefícios e consequências, quais forças políticas estão a contribuir para a fim do bipartidarismo e a importância democrática dos mesmos.
Também será analisado posteriormente o espaço deixado pela comunidade democrática social (cds) á direita, ao fazer uma coligação com o PSD, e da geringonça á esquerda, que consistiu num governo de esquerda liderado por António Costa. Estes movimentos políticos permitiram o surgimento das novas forças políticas á direita, sobre a forma de protesto ou de anti-sistema social e económico.
O que é o bipartidarismo perfeito?
O bipartidarismo perfeito refere-se á alternância do poder político entre os dois partidos de centro que são eleitos desde o 25 de abril de 1974, o PS (partido socialista) e o PSD (partido social democrático).
Os fundadores da democracia portuguesa, está ligada com estes dois partidos, nos nomes de Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, respetivamente.
No entanto a ausência de novas ideias políticas e a falta de consistência no legado deixado por estes dois políticos, aumentou o descontetamento de alguns políticos que se aliaram á esquerda mais cedo quando surgiu o Bloco de Esquerda, nos anos 2000 e agora mais recentemente das forças de direita, Chega e Iniciativa liberal, devido a uma direita cada vez mais longe do objetivo, segundo os mesmos políticos dos dois partidos.
Causas para a ruptura do bipartidarismo perfeito
Os partidos de centro, como foi referido, deixaram de defender a democracia e as soluções certas para o país, e começaram a focar-se mais na agenda mediática, e com as principais figuras dos partidos tradicionais envolvidos em corrupções, fraudes, escandâlos e tráfico de influências.
As maiores causas de descontentamento são a ausência da separação entre o poder político e a autonomia dos outros poderes regentes, o legislativo, judicial e executivo. Por exemplo as empresas deixaram de ter autonomia, o poder político interfere na justiça e nos tribunais, a segurança social e o estado têm cada vez mais funcionários públicos. Ficou saliente que o principal motivo destes acontecimentos é a má gestão e gerência.
Todas estas alterações de comportamento e os sucessivos fracassos dos governos de José Sócrates e dos governos de António Costa, bem como a ausência de figuras políticas de destaque á direita, em especial Pedro Passos Coelho ou Aníbal Cavaco Silva, originou um grande espaço para a uma nova direita crescer, com deputados insatisfeitos ideologicamente e que colocam em causa a eficiência das propostas dos dois partidos mais eleitos.
Aliado aos pontos referidos anteriormente, o aumento da corrupção, a crise da habitação, a imigração desregulada, a economia sem investimento e atração de investimento e a saúde debilitada, fizeram também acentuar um fenómeno nunca antes visto: o aumento da abstenção e a desconfiança das pessoas nos partidos tradicionais.
Então pode-se considerar três pontos centrais que contribuíram para a ruptura:
a) cries económicas e sociais
b) ausência de separações dos poderes e desintermediação da comunicação política
c) novas causas e ideologias, como o conservadorismo, o liberalismo económico e o nacionalismo.
Esta roptura começou a acontecer de forma mais acentuada nas eleições legislativas de 2022, com o crescimento do Chega e da Iniciativa Liberal.
Vamos fazer uma linha cronológica no tempo.
Todos estes fenómenos falados atrás fizeram com que as forças políticas tradicionais repensassem em novas estratégias políticas, o que muitas das vezes passa em buscar votos á direita ou á esquerda.
Benefícios da Ruptura do Bipartidarismo
a) Existe uma maior representatividade, o que permite que diferentes partidos políticos com diferentes ideologias e oriundos de novos grupos sociais tenham voz no parlamento
b) renovação política, porque colocar novas ideias no debate político e na agenda do dia, pode levar a novas ideias e soluções para o país. Isto sim é a democracia a funcionar.
c) maior fiscalização porque os partidos centrais começam a não poder rever constituições sozinhos, e precisam sempre do voto a favor, contra ou a abstenção para governar.
d) desbloqueio do sistema, pois permite coligações políticas mais dinâmicos, mas diferentes da geringonça, pois os partidos de direita querem combater a corrupção e a falta de uma economia consistente e forte.
Possíveis riscos ou desvantagens
a) fragmentação do parlamento, torna mais difícil existir maiorias estáveis para governar.
b) governação mais frágil, pois pode aumentar a instabilidade política e o risco de haver eleições antecipadas.
c) radicalização do discurso, pois partidas anti-sistema podem colocar em causa a agenda política, cada vez mais dominada pelo centro.
d) perda de confiança instituicional, mas causada pela corrupção dos partidos de centro. A degradação política faz com que forças anti-sistema possam enfraquecer a confiança na democracia representativa.
Importância democrática dos dois novos partidos á direita.
Vamos começar pela Iniciativa Liberal que tem como bandeiras no seu partido: a liberdade económica, a simplificação fiscal, o estado mínimo, baixar os impostos, o aumento do empreendorismo, meritocracia, ou seja, dar mérito a quem mais merece ser valorizado e privatizar algumas grandes empresas e sectores.
a) redução do papel do estado na economia e nos serviços públicos, como a saúde (serviço nacional de saúde) e a educação.
b) simplificação fiscal, como a taxa única fixa ou uma taxa dupla nos escalões do IRS, acompanhada com a redução dos impostos e da carga fiscal.
c)aposta forte no sector privado ou em parecerias público-privadas como motor de desenvolvimento económico.
d)defesa da mobilidade social com base na meritocracia. Reforma na segurança social.
E agora vamos falar sobre as principais bandeiras do Chega, que são: segurança, justiça, anti-corrupção, controlo da imigração, identidade nacional e simplificação económica.
Temas crentrais disruptivos:
a) combate á corrupção e reforma no sistema judicial com penas mais duras para pedófilos e assassinos.
b) fortelecimento das forças de segurança e da autoridade do Estado.
c) maior controle da imigração desregulada, mandar de volta para o país de origem os imigrantes ilegais ou sem condições para habitar.
d) defesa dos valores conservadores, como a família e a pátria.
e)crítica ao politicamente correto, ás elites políticas, ao sistema instalado e aos movimentos de esquerda.
Conclusão
O bipartidarismo perfeito está cada vez mais em risco, com o surgimento de duas novas forças políticas á direita, disruptivas e anti-sistema. Os casos de corrupção e os governos de centro cada vez mais desgastados, têm vindo a demonstrar que existe espaço para novas dinâmicas e partidos políticos de destacarem.
Existem vários benefícios, mas também várias consequências governativas, se os novos partidos não deixarem governar as principais forças políticas. O descontentamento da população e uma crescente abstenção devido á desconfiança das pessoas, pode ser o grande motivo para:
a) IL discutir na agenda assuntos como a economia simplificada, as privatizações de modo a diminuir a corrupção e intervenção do estado, a simplificação fiscal e a meritocracia.
b) o Chega discutir na agenda assuntos como a segurança, a corrupção no estado e nas empresas, a imigração desregulada e o aumento das penas de prisão.
Na minha opinião um governo de quatro anos destes dois partidos seriam um combo perfeito, e vocês o que acham?