xavierbaptista7.blogspot.com
Quero deixar claro antes de começar o artigo que este se refere a uma opinião de cariz pessoal, pelo que pode nem sempre retratar apenas dados específicos ou argumentos que sejam comprovados pelos académicos ou investigadores.
Já não sinto-me português e conheço amigos franceses que também não se sentem franceses. A alemanha e a Bélgica parecem sofrer do mesmo fenómeno. Estamos a deixar-nos afundar não apenas por medidas de imigração desregulada, de decisões políticas duvidosas e instabilidade política. Estamos a assistir a um colapso identitário.
O problema começa cá dentro: não cuidamos dos nossos, temos comportamentos arrogantes, apáticos e frios, já não há espaço para a liberdade de expressão, para ser ouvido, valorizado ou acolhido dentro da nossa própria cultura. Somos uns estranhos dentro da nossa própria casa.
Ser português tornou-se para muitos, apenas uma formalidade num cartão de cidadão, de receberem nacionalidade e nem sequer conheceram a nossa cultura, línguas, costumes ou os principais marcos históricos e as personagens históricas desses marcos. É não sabermos valorizar o que é a Portugalidade. Mas será que é apenas relembrar dos momentos bons, os descobrimentos, a independência do nosso país?
Ser português é mais que uma nação, é honrar uma pátria, que muitas vezes é esquecida pelos nossos próprios rancores, inseguranças e falhanços do passado, seja por questões políticas ou por sociais.
E se formos a fundo entramos numa outra parte do discurso, entre o individualismo e a indiferença. Refletirmos sobre as sociedades europeias e em específico da portuguesa tem promovido o distanciamento humano, a pressa, a desconfiança e o isolamento emocional. Falamos sobre o medo de se aproximar, o cinismo social ou a simpatia seletiva. Falta calor, tempo, verdade, de nos ligarmos uns aos outros de forma genuína. Vivemos rodeados de pessoas mas sentimo-nos sozinhos, rodeados de palavras mas raramente ouvimos.
Mas e o contraste com o "outro"? Porque procuramos acolher os outros se nem no nosso país somos benevolentes e cuidadosos? É o mesmo que dizer de alguém sem amor próprio que não poderá amar o próximo. Quem tem amor a uma nação não fica simplesmente a procurar acolher o estrangeiro, o de fora. Afinal tratamos melhor os que chegam do que os que já cá estão.
E a Europa é um continente em cansaço, em constante medo e destruição política. E não é apenas uma questão demográfica, nem social, é mais que isso, é emocional. Falta esperança, renovação, humildade e calor humano. Portugal e o continente europeu se tornou rígido, burocrático e demasiado competitivo. Estamos sem esperança, renovação e humanidade. As estruturas sociais sufocam em vez de apoiar
E agora deixo a perguntar no ar, em que tipo de Portugal ou Europa vocês gostariam de viver? Queres ver novamente a Portugalidade renascer? Com mais escuta e com mais empatia acredito.
Porque humano é acolhermos os de fora sim mas não deixarmos que o nossa identidade seja esquecida e enterrada.
Queremos um mundo onde o orgulho não seja vaidade, mas pertença. Onde a empatia não seja excepção, mas hábito.